quinta-feira, 25 de julho de 2013

na beira de um rio gelado em pleno quase verão os seus olhos molhados de choro o soluço a voz rouca a voz brava e eu
olhando
calmo
sabendo estar errado
sabendo de tudo um pouco
sabendo pouco de tudo e quase nada do que
afinal
eu devia
saber
sabe?
na beira de um rio olhos molhados a água gelada correndo verão chuva caindo em telhados no fundo de um bairro distante isolado e nós
cada
vez
mais juntos
daqui a pouco ela chega
daqui a pouco ela chega e me diz que saudade
é que dá quando longe
é que tarde já é você sabe
daqui a pouco ela chega e me olha
ela chega
daqui a pouco
chega aqui pra dizer que de lá
mesmo longe
mesmo longe
ela está
sempre perto
quando passa um passarinho e eu lembro ela
as pernas as batatas duas coxas desenhadas
bem fornidas
ela nem sempre não me faz poema
eu sei disso
não reprimam nem critiquem minhas letras
ela nem sempre me faz ser poema mas bem sempre ela é
minha lente
ver o mundo
minha gente eu nem sei como fechar
sas frases soltas
mas bem que vou
porque daqui a pouco ela chega

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aquilo me soava tão escandinaviamente equivocado
que gelei

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dançavam
veio então a ignorância proibir
qualquer das danças

dançaram inda mais

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conta-se que

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ela
quando pensa em mim
ou quando diz
é reticente

ela quando pensa em mim
tem reticências
ela
não hesita ao pensar

ela suspira

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tomando café no hotel, vitória espírito santo, tevê na globo nius. "vândalos", "baderneiros", "quebraquebra", "depredação". o senhorzinho na mesa atrás "estamos voltando pra idade média". sobrepõem-se imagens e reportagens, dos "vândalos" criminosos pra paralisação do transporte em sampa, pro take de um animal agredindo outro com um predação de pau no trânsito e quase sendo linchado e depois vindo a ser acusado de tentativa de homicídio, esses troços. série de encadeamento discursivo visual da criminalização de todo mundo. só o globocop (menção a robocop implícita e explicitada) paira incólume sobre a carne seca. até que uma pedrada molotov ou tiro de morteiro o derrube. duvido nada. uma borboleta sai do casulo entre duas ripas de madeira no banco da praia, ao sol. estou eu lá lendo críticas de tradução da década de quarenta. globo não existia, tempo bom que devia ser esse tempo. maldita idade mídia. meus sentimentos por vocês que aguentaram e vêm aguentando isso tudo, o tempo todo, aqui no brasil. meus entendimentos sobre o quão duro e cansativo deve ter sido. isso é uma cena constante e banal.

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ela é um pássaro marroquino
tesoura do deserto cortando em mim
meia dúzia de poemas praias ilhazinhas de águas claras
imensidão
uma dúzia de lembranças
o balanço positivo da viagem
pra qualquer lado
em qualquer chão
ela é uma memória triste esquecida
ela é sorriso que
por mais piegas
lembra vida

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- vou embora daqui apaixonado.

- não vai.

- vou, ora! Se eu tô dizendo... Por que eu mentiria?

- não. Não vai embora...