terça-feira, 15 de novembro de 2011
na morada do sol
Oh!, Sylvia... sim,
Sylvia, porque é o que todos dizem
ao dizer
de ti
e deles.
Sylvia, defunta, passada, antiga. Eras morta já três vezes quando eu sequer nascera
e, veja!, eu nasci.
Nunca fui um judeu, nunca queimaram meus dedos
- exceto eu, com fogos de sãojoão -
nunca senti na carne a lâmina de um outro porque
ora
porque quando o outro chora eu me vou
e passo
e tudo passa
- ainda que eu me lembre bem daquela vez em que
por eu ter ido
ela quis passar foi dessa pra melhor...
Não sou responsável pelo suicídio
nem de mim, nem dos outros.
Não sou responsável por nada, por nada, nem mesmo pelo cachorro morto
de fome que me lambe os pés.
A vida não me assusta, Sylvia,
e nem é uma puta que sento em meu colo e venho a achar amarga...
A vida não é nada
porque a morte também não.
Num tempo futuro, que já passou,
num tempo futuro eu vi a morte
de perto, tão perto, que não deu pra fugir.
Mas não a procurei: apenas vi
como quem vê um vulto ao dobrar a esquina e
poste!
Dá-se com a cara no muro como com a cara na morte.
Não se supera a morte, Sexton, não se supera:
apenas se entrega
ou espera.
este poema é magnífico. deixo a minha vénia e levo comigo a comoção da beleza.
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