terça-feira, 26 de novembro de 2013

o amor é um brownie
feio, duro, ressecado
comprado numa estação de subway
às três da madrugada, no escuro
com moedas tateadas
o amor é um brownie

o amor
é uma cerveja quente e já choca
não!, são duas
duas cervejas chocas e quentes
o amor é a gente

o amor é tomate de fim de feira
mais triste esmagado mais plof
que os tomatinhos da piada
atravessando a rua sem olhar
pra nada
o amor é uma fruta aguada

o amor é o filhodaputa do gordinho que chega atrasado
na fila do ônibus que leva as crianças pro orquidário
o amor é o salafrário do gordinho
que vai apanhar danado no intervalo
na hora do recreio esse gordinho
coitado
vai caber no ralo
o amor é o que chega atrasado

o amor é uma diaba de palavra que ri
toda vez que olho pra ela
toda santa vez

o amor é uma moléstia
é uma febre tifóide
miopia certeira que chega na hora
na hora
da leitura do último poema

[poema II da série (que eu pensei que morreria): o amor é um brownie]

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