eu, quando era criança, não sabia o que seria. às vezes pensava em ser marinheiro, capitão-de-fragata, corsário, embora corsário tenha vindo só bem mais tarde, e até hoje é das palavras curiosas das que não se sabe o significado exato, mesmo sabendo. às vezes era astronauta às vezes biólogo às vezes biólogo marinho às vezes político e presidente da república, mas esse também veio tarde. e foi rápido, graça deus. às vezes pensava em alienígenas discos voadores abduções e viagens espaciais, pensava em mar em nadar em mergulhar pensava no fundo do mar quando era criança, pensava em muita coisa. eu sonhava de olho bem aberto, na escola, em subir correndo por uma pilastra e, lá no alto, no teto telhado fazer meia dúzia de acrobacias enquanto as meninas ficavam no chão, se estapeando, em disputa pela minha atenção. E lá no alto no teto eu macaqueava de uma pilastra a outra, de uma trave a outra, subindo até o alto mais alto possível rodopiando com a facilidade de um pé de vento. quando eu era criança, eu lembro, não sabia o que seria, mas sempre quis ser muita coisa. hoje, não sei. hoje, especialmente, hoje de fato não sou.
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