sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Eu sou Tempo. Sentado, agora, vejo o que não via já há muito. Sou o tempo que falta, sou o vento que aviva a brasa e acalma a chama - e a fortalece.

O Tempo novo, do começo, hoje. Só tenho tempo de ver o futuro, pensar o devir que nem sempre vem a ser. Não me é dado pesar o passado, não sou chamado a viver o presente. Tempo novo, olho a fúria do futuro que agiganta a linha longa do horizonte.

Olho desde já, vivendo à frente. Por tempo demais julguei viver plenamente o presente, esquecendo o futuro, e estive errado. Como Tempo, sou o que estou, no momento certo de estar. No início, o início, e o fim ao final, se um dia este chegar.

Furioso, leve, vago, lento. Nervoso e amedrontado. Tempo futuro, que se existe no presente e lança cores de passado sobre o ver o que virá. A beleza de ser um início é temer a comprida jornada que o liga ao final.

E, nesse momento, o início principia. Do precipício à beira-mar, o caminho se amplia de vertigem a navegar-todo-o-espaço que acaso se apresente. O medo da beleza do início é não saber o acaso que se apresentará.

Eu sou Tempo, e o único tempo que tenho é o que ainda não veio.