sábado, 8 de setembro de 2007

errante

Não se pode presentear ninguém com estradas. E, pensando nisso, partiu mais uma vez. Sozinho.

Tinha gosto pelas coisas derradeiras, ele. Pessoas, então, preferia-as de costas, indo já ao longe. Não era fã do afã humano por contato opaco, ou oco. Se não houvesse alma, mundo, não servia.

E normalmente não havia, é claro. Afinal, o mundo não arranca seus pedaços pra os ceder a qualquer arremedo de ser ciente. O mundo não gosta de gente.

Ele era sempre o que ia embora, de algum modo. Quando estava por perto, entretanto - e sempre estava, em algum canto - realmente apresentava. O mundo como representação.

Vontade? Só a de ir embora. E, quando batia, não havia chão que o segurasse. "Se é pra ir embora, vá. Não volte, não chore, não solte a mala ao chão antes de ir. Se é pra ir embora, vá, pela sombra ou pelo sol, com deus ou seja lá o Alá da vez. Vá, contemple o rumo que tomar".

E ia. Pergunta agora o motivo do por que o digo no passado? Porque, como sempre ia, Renan se foi.

Prefácio a Mísera Mesa.

Foi na sessão de fotos para criar a nota que abre o blog Quatro Patacas, em uma simples conversa, cujo contexto não me lembro, que a aliteração "mísera mesa" surgiu. Esse par de palavras combinadas foi o suficiente para Leandro correr ao computador e registrar esse endereço.

Além de certo humor em seu nome - humor esse que permeia todo o conceito de seu blog em conjunto, Quatro Patacas - vejo um novo blog como um recomeçar. Um espaço onde o passado escrito ganha seu respeito, mas não pode entrar.

É assim que chegamos até esta mísera mesa. Mesa, pela idéia central de um escritor, que apoia seus cadernos nela, cadernos os quais sairão idéias que serão expostas aqui. E mísera porque, afinal, os escritores sempre escrevem sobre seus cadernos de anotações, grandes companheiros, mas nunca sobre o elemento que os apoia para serem escritos. A mesa é uma dessas incógnitas do oficio do escritor, um suporte sempre presente, mas nunca lembrado.

A convite do próprio Leandro, fui o carpinteiro desse local, finalizando a aparência dessa mesa, e agora com minha missão concluída, deixo-a pronta para o autor, seu verdadeiro dono. O que será escrito, fichado e exposto nela ficará a cargo de Leandro, o escritor sonhador das palavras. Criador de cenários fantásticos, mulheres amáveis (e estranhamente nunca vingativas) e de um imaginário criativo vindo da influência do mestre Gaiman.

É com prazer que apresento esse novo começo. Ergo minha taça de vinho, subo em cima dessa mísera mesa só para apresentá-lo. Aos senhores, Leandro Durazzo. Tenho por certo que ele sabe o que fazer para agradá-los.

Um grande abraço,
Thiago Augusto Corrêa


*Thiago Augusto Corrêa participa do blog coletivo Quatro Patacas
e é o escritor do blog O que Dr. House Diria.