quinta-feira, 31 de março de 2011

Uma noite de blues em Santos


a Helena e a ela

Na verdade foi tarde. À tarde. Montaram a aparelhagem no meio da calçada, num centro da cidade, beirando a noitinha. Era mais de sete quando a coisa começou. Mário Bortolotto, Fábio Brum e Marcelo Watanabe tocando um blues na guitarra acústica. Violão. E o amplificador amplificando um som que quase nunca rola na cidade.

Era lançamento de livro, "DJ", do Mário, e tinha uma porrada de outras coisas sobre a mesa. "Atire no dramaturgo", "Nossa vida não vale um Chevrolet", "Bagana na chuva", tudo que eu gostei mas não comprei, porque sou um filho da puta dos diabos. Simplesmente é assim. Qualquer hora compro.



E quando vi a moça da TV coordenando a reportagem, entrevistando Mário, ela piscou pra mim. Sim. Mas foi bem natural, pois já a conhecia de antes do jornal. Antes da TV. E foi fiquei feliz de tê-la visto ali, depois de sei lá quantos anos sem. Ver.Justificar

Dizem que a TV deixa as pessoas mais bonitas. Hei de concordar. A menina ficou linda depois de se empregar. E quando a vi na tela nem imaginei, mas ela ali na rua, na loja Realejo, foi sinceramente de causar um blues de espanto. Ou, talvez, eu simplesmente nunca tenha visto direito. Antes. Mas hoje vejo. Ou, pelo menos, vi hoje mais cedo.

Precisava de um blues. E, se querem saber - o que vocês naturalmente não querem, mesmo porque nem há "vocês" aí - precisava dela, também. De a ver. Fora da TV.

domingo, 27 de março de 2011

Canções das Crônicas de Lalonge - II

A batalha já perdida
a batalha já perdida
olhe o exército arrastado
no deserto.

Olhe sua carcaça,
os seus ossos,
sua carne,
a batalha já perdida e a guerra quase.

Onde está o nobre cavaleiro?
Onde o nosso brado de vitória?
Cadê o guerreiro legendário
que a lenda diz trazer a nossa glória?

A batalha já perdida
a batalha já perdida...

sábado, 26 de março de 2011

Canções das Crônicas de Lalonge - I


areia e tempestade
sacodem o acampamento
areia e tempestade vêm com o vento
desde o céu
e todas tendas sentem
o mesmo do que eu

areia e vento voam
em volta disso tudo
ficar é absurdo
e ter que esperar...

as águas caem forte
silêncio aquieta fundo
areia e tempestade
o fim do mundo.

será que ela sabe
que a espero?

sábado, 5 de março de 2011

carnival


ela vem
e ela vai
e ela vem
e ela vai

e vem

e vai

e pára.

aperto as coxas e ela vai
e eu digo “não, não vai,
espera,
porra
eu vou
...”

eu fui.