a Helena e a ela
Na verdade foi tarde. À tarde. Montaram a aparelhagem no meio da calçada, num centro da cidade, beirando a noitinha. Era mais de sete quando a coisa começou. Mário Bortolotto, Fábio Brum e Marcelo Watanabe tocando um blues na guitarra acústica. Violão. E o amplificador amplificando um som que quase nunca rola na cidade.
Era lançamento de livro, "DJ", do Mário, e tinha uma porrada de outras coisas sobre a mesa. "Atire no dramaturgo", "Nossa vida não vale um Chevrolet", "Bagana na chuva", tudo que eu gostei mas não comprei, porque sou um filho da puta dos diabos. Simplesmente é assim. Qualquer hora compro.
E quando vi a moça da TV coordenando a reportagem, entrevistando Mário, ela piscou pra mim. Sim. Mas foi bem natural, pois já a conhecia de antes do jornal. Antes da TV. E foi fiquei feliz de tê-la visto ali, depois de sei lá quantos anos sem. Ver.
Dizem que a TV deixa as pessoas mais bonitas. Hei de concordar. A menina ficou linda depois de se empregar. E quando a vi na tela nem imaginei, mas ela ali na rua, na loja Realejo, foi sinceramente de causar um blues de espanto. Ou, talvez, eu simplesmente nunca tenha visto direito. Antes. Mas hoje vejo. Ou, pelo menos, vi hoje mais cedo.
Precisava de um blues. E, se querem saber - o que vocês naturalmente não querem, mesmo porque nem há "vocês" aí - precisava dela, também. De a ver. Fora da TV.