terça-feira, 14 de dezembro de 2010
menino de sucata
sábado, 11 de setembro de 2010
11 de setembro
sexta-feira, 30 de julho de 2010
brócolis ninja
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Naturalmente, de Antonio Nóbrega
Nóbrega busca compor um estilo, uma escola de dança e expressão corporal baseada nas matrizes dançarinas populares: umbigada, capoeira, frevo, etc e mais. Faz como fizeram os responsáveis pelo balé clássico, por exemplo, que a partir de polcas cirandas campesinas e folguedos em torno da fogueira, na velha Europa dos séculos muito poucos, criaram o balé como o balé é. Seja lá quem os responsáveis forem, seja lá. Nóbrega, por aqui, monta mesmo um balé brasileiro, um baléralé marcelinofreiro, e é genial no que mostra.
Várias boas coreografias, com ritmos diferentes cobrindo o espectro bem vasto do passo corporal. Antonio mesmo e duas bailarinas, Maria Eugênia e Marina, que tão de parabéns, de muitos parabéns. Dançam os três durante hora e meia, te convencendo de que saber mexer com o corpo é trabalho para poucos. Nos três números finais, três solos, Nóbrega sintetiza o que cria, ali no palco.
Ele expressa as bases, as coisas todas nas quais se ergue, enquanto os outros solos demonstram o alcance a que a dança pode chegar. Maria Eugênia é de longe a mais ágil e ligeira, e se no meio do show Antonio Nóbrega explica o que são contratempos e tempo sincopado, é isso que ela mostra. Entre os dois, no outro solo, Marina Abib tem a leveza de quem não precisa de solo algum. Sua dança é lenta e sinuosa, mas rápida como uma roda que não pára de girar. Talvez numa das músicas/coreografias mais peculiares do espetáculo, ela se eleva e enleva os olhos do público até o ar. Literalmente. Naturalmente.
sábado, 8 de maio de 2010
ode à manhã
Acordo com o vizinho vomitando novamente. Deve ter câncer no fígado, não sei. Ou não aguenta dar o cu. É, pode ser isso, daí colocar a música tão alto quando mete, o filho da puta.
Espelho. Marcas de mordida e roxos de pancada. Parece que trepei com um cachorro. Corpo ainda quente pelo álcool; faz frio, hoje, sob o sol.
Cozinha. Louça de uma semana, três pessoas e pouco rango. Quase nada além de uns bichos já crescendo por ali.
Copos são as coisas mais nojentas, quando sujam. Quando descansam, decantam, copos criam formas de vida bem estranhas.
Deus deve ter criado o mundo no fundo de um copo sujo.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Vendo tempestades
Raio, lá longe. 1, 2, 3, 4, 5, 6, Cabrum! Estrondo filhodaputa. E eu aqui, sentado, olhando pela janela a chuva que desce. Tempestade mesmo, com vento, raio, trovão, água água água. Parece sei lá o quê. Aprendi esse truque quando pequeno. Tempos depois vi novamente, numa história da Turma da Mônica. Raio, conta, trovão. Depois divide os segundos por três e sabe a que distância está. A tempestade.
Relâmpago. Não sei se lá longe, só vi o clarão. 1, 2, 3, barulho. Merda, tempestade vindo. E eu vendo a tempestade. Pela janela... vendo. Meu deus, eu vendo tempestades!
Será que isso dá dinheiro? Sei lá, ninguém nunca tentou, não foi? Beleza, a merda é sair na chuva. Chuva da porra... Atravesso a rua e um raio cai. 1, 2, trovão. Puta que pariu, dois divido por três dá quanto? Tá muito perto, esse caralho. O próximo deve cair aqui do lado.
Ainda bem que eu trouxe esse pote de, ahn, pote de vidro. Acho que era maionese, antes. Mas tá limpinho, minha mãe lavou, colocou na água fervente. Tá chovendo mais forte agora. Acho que pego o próximo raio. Vai, estico o braço e o pote aberto começa a encher d’água. Tomara que o raio caia. Mas será que basta? O que é que faz a tempestade?
Lá vem o raio. Tô sentindo o cheiro, já, ele tá vindo. Droga, esqueci de esvaziar o pote, porra! O raio caiu. Tô vendo, ele tá vindo. Eu vendo, hahahaha, eu vendo tempestades!