sexta-feira, 9 de março de 2012

noutro dia vi um poema
mas não me recordo
porque não escrevi

eram dois pássaros canoros
voando mudos por entre o céu
passando um de cada lado
de mim

ou da lua
não lembro bem

duas aves voando juntas
depois soltando as mãos
para cada qual por seu cada qual
por seu cada lado
circundarem um hemisfério

de mim
ou do sol
já não sei

sei que agora eu vejo a lua
enorme
gigante
amarela
brotando do fundo do rio lá embaixo

e estão tão perto
os dois
amarelos
reflexo um do outro verso
que sento a olhar a lua subir
se distanciar

a lua subindo ao céu desde o rio
faz o exato inverso
que fez ícaro, ao cair

e ícaro caindo nágua
torna-se narciso

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