sexta-feira, 13 de julho de 2012

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Vez ou outra uma lembrança chega, vinda de dentro da bolsa. No fundo sujo de uma mochila velha, meio laranja amarela, que já rodou pelo mundo, de vez em quando u'a memória brota.

É quando meto a mão ali dentro e puxo de uma caneta, por entre uma camiseta, cueca e barbeador. Mochila velha, suja e bagunçada, que não tem ali quase nada mas tem tudo que eu tenho pra por. 

Um bilhete de trem desde o sul, pra Taipei. A passagem do teleférico subindo a escarpa, as pedras, levando a mim e a ela pro alto do mar português. Uma nota fiscal escrita em árabe, café da manhã no Marrocos, nosso último café da manhã.

Eu não saberia fazer toda a conversão das moedas, com juros e correção. Não sei quanto vale hoje o que valeu cada um dos pedaços manchados de papel.

Um pedaço de papel fino, estreito, sujo, tão velho que não tem mais nada escrito, e que agora uso pra anotar seja lá o que for. O que será que era antes? Quando tinha algo escrito, em que língua? Teria sido algo interessante ou só a conta do bar da esquina?

Minha mochila guarda mais coisas que eu. Mas até ela é pequena.

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