domingo, 15 de janeiro de 2012

taí



Minha mãe certa vez disse que eu tinha medo de perder. Perder coisas, acho, ou pessoas. Foi uma pergunta, na verdade, o que ela fez: você tem medo de perder?, ou algo assim.

Não sei. Só sei que pensei nisso enquanto jogava fora o último gole da lata de cerveja. Tenho dessas coisas: praticamente nunca consigo tomar o último gole da lata. É como se eu oferecesse pro santo, mas ao contrário. Em vez do primeiro, o último trago. Acho que o santo não se importa.

Voltando da rodoviária tomo chuva e uma cerveja. Estou em paz, tranquilo, mas cada gota que cai em meu rosto derruba um pouco de alguma coisa. Não é como se eu estivesse triste, nem blues, nem nada. É como se eu estivesse nada, mas não tanto. Nada exagerado, por certo.

Amanhã parto de novo, como sempre, pra algum outro lugar. Quantas estradas deve o homem caminhar, quantos mares o pássaro voar, 42, you know. I'm tired, de fato. Cada mulher que vai leva consigo a marca do meu fracasso.

Estou em paz, tranquilo, o mundo continua a girar e os homens a andar pela estrada anoitecida.

2 comentários:

  1. Fuck yourself. Adoro as coisas que tu escreves.

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  2. The times they are a-changing while the wind is a-blowing answers.

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