ouço o menino de um vizinho vomitar até as tripas, em algum lugar aqui no prédio. É madrugada, o menino passa mal. Muito. Grita enquanto gorfa, como se o peito estivesse saindo pela boca, como o estômago, feito o resto todo se desfazendo em água.
Quando mais velhos, na metade da vida, não passamos mais tão mal como crianças faziam. Quando éramos crianças, digo. Passar mal feito esse menino, acordar os pais no meio da noite e ser carregado no colo, colocado no carro, levado ao pronto-socorro onde não te atendiam de pronto, mas ainda assim, no meio da madrugada, acordado, com os pais ali ao lado.
O menino ainda vomita. Parece que nenhum pai acordou. Parece que nem vai, parece que ao menino só resta mesmo a pia, privada e a fraqueza muscular.
Amanhã, o mal estar será o meu.
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