Atrasado, retiro os guizos e fitas d'ouro e de Natal. Sobraram três, apenas, somente as que a avó doente não conseguia tirar da janela. Prata, dourada, vermelha. Três cordões de pecinhas pequenas brilhantes decorativas. Três natalinas.
A cada uma tirada, passava pras mãos da avó, que as embolava. E a cada uma das três fitinhas cordões em bola, fazendo logo seus nós - daqueles que, quando tiramos o enfeite do saco, de qualquer sacola, nas vésperas de outros Natais, lamentamos imediatamente o bolo, novelo, a dificuldade que é, todo ano, fazê-los voltarem, normais, à janela. Cordões esticados, depois de um trabalho danado de uma ou mais tardes inteiras, dezembros, café brigadeiro sorvete castanhas e mais, cordões pendurados do lado de fora, janelas a mostra, jardins, quintais.
Pensei'mediato em dizer "Pára, não enrola, vai enozar", mas só por instante. O segundo e melhor pensamento que veio mudou o desespero de ver os cordões embolados no saco, aguardando o Natal do que vem.
Porque, sendo início de ano, temos mesmo o direito de errar e plantar nossos nós - a serem difícil e longamente desatados, depois. Desatar os guizos, em dezembro, atados no meio janeiro, costura uma ponta à outra do ano. E um dia, de tanto embolarem-se fitas, não vão mais haver nenhuns nós.
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