sexta-feira, 25 de outubro de 2013

microcrítica literária: eduardo lacerda e hoje é outro dia de folia

Admito: demorei para ler Eduardo Lacerda. Até então, pelos últimos meses, Edu foi meu amigo boêmio, editor, filho de pai de santo, bêbado e alegre, o maluco que resolveu publicar meu livro. Até agora Edu foi isso, enquanto Outro dia de folia me aguardava na gaveta.

Hoje, veja você, hoje eu peguei e li, ainda não inteiro que faltam os Despachos, parte dois do orgasmo, mas sim os primeiros Festins.

Edu tem um domínio fantástico da quebra prosódica, da versificação desregrada, daquelas que não devem nada a ninguém e ainda assim apresentam muito. Apresentam tudo, até, talvez, eu diria, conhecendo Edu primeiro de bar e depois de labuta e depois bar de novo. Outro dia de folia, como hoje, aniversário de minha vó, outro dia hoje o dia eu peguei e li Edu. Arrisco dizer que me surpreendi :não esperava.

Arrisco me desarrogar a arrogância :não esperava.

Eduardo Lacerda, poeta, é também editor. Apesar de ter uma mão cheiíssima de bons poetas, Eduardo Lacerda é primeiro também poeta, arrisco dizer, e depois de edição, e depois das artes de nos fazer publicados, felizes, pobres e bêudos. Como agora, aniversário da minha vó, em que bebo a ela e a Eduardo Lacerda, grande poeta.



- Para o grande amor


Talvez, para o grande amor
ainda falte algum filme

ainda falte alguma fala

algum livro

que nos livre.

Alguma

arte, dança, tela

ou anime.

Talvez,
para o grande amor

ainda falte
algum caminho
que nos caminhe.

Algum carinho, algum caminho
que nos caminhe.

Talvez, para o grande amor
ainda falte
alguma
arte,

como uma falta de ar.

Ou uma falta

de ter-te.

Outro dia de folia (2012), de Eduardo Lacerda, pela Editora Patuá. Compre aqui.

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