algo se move sob meus pés
que estão deitados sobre o sofá.
mancha nos olhos
a mancha se move
sob meus pés
a mosca
se move estranha
sem asas batendo
e eu me recolho sem bater os pés
- diz-se que, afinal,
qualquer mover pés causa um abissal
furacão
na terra das mariposas -
a mosca resiste ao vento
do pano de prato que faço
pra que ela voe dali
a mosca resiste ao tremendo
terremoto
que, penso eu,
é o arrastar do sofá
a mosca resiste
e sopro
gentilmente
pra ver se
ela cai
e ainda com asas guardadas
a mosca vai gentilmente
como quem não quer nada
andando na sala de estar.
fazer de um possível peteleco destruidor, um acontecimento dito.
ResponderExcluirNada como a poética da vida, do instante, da mosca...
Delícia, D.!
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