quinta-feira, 28 de julho de 2011

dezoito voa


algo se move sob meus pés
que estão deitados sobre o sofá.

mancha nos olhos
a mancha se move
sob meus pés
a mosca

se move estranha
sem asas batendo
e eu me recolho sem bater os pés

- diz-se que, afinal,
qualquer mover pés causa um abissal
furacão
na terra das mariposas -

a mosca resiste ao vento
do pano de prato que faço
pra que ela voe dali

a mosca resiste ao tremendo
terremoto
que, penso eu,
é o arrastar do sofá

a mosca resiste
e sopro
gentilmente
pra ver se

ela cai

e ainda com asas guardadas
a mosca vai gentilmente
como quem não quer nada
andando na sala de estar.

2 comentários:

  1. fazer de um possível peteleco destruidor, um acontecimento dito.
    Nada como a poética da vida, do instante, da mosca...

    ResponderExcluir