sábado, 30 de julho de 2011

aos dezenove ele não vai lembrar


Como estou pedalando, perco o final da frase. É uma mensagem escrita no chão, no meio da rua, em frente a um prédio.

Luana,
me perdoa. Eu te amo muito,
não consigo viver sem você.
César

Não-consigo-viver-sem-você-César é o final que imagino. Não sei se seu nome é César. Nem lembro, aliás, se o dela é Luana. No meio do asfalto o amor se estira.

Faz mais calor hoje que nos últimos meses. O sol coloca um filtro azul na realidade. Sinto que a praia é a cena de um filme aquecido. Nova geração de processadores de imagem.

Sentado olhando pro mar olhando pro livro e lendo, voltemeia passa um menino correndo. Pequeno, dois anos, da direita pra esquerda. Passa um menino correndo desde onde seus pais se encontram. Um dos dois segue atrás, chama, pega o menino no braço e leva de volta. Volto a ler. Pouco depois - um parágrafo - volta o menino a correr e agora é o outro que busca. Menino pequeno falando pras pombas qualquer coisa que eu não entendo.

Que pena. Deve ser mais importante que meu livro ou que o céu quente de hoje.

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