terça-feira, 9 de agosto de 2011

(021)


Um funcionário atrás do vidro troca o cartaz que anuncia: a partir de sexta-feira espetáculo inicia no teatro São João.

O caminho de volta à rodoviária é mais breve que o de ida. Meus pés já sabem por onde ir, mas do avesso. Logo chego.

À minha esquerda o mar se agita. À frente, arrebita a bunda de uma bonita moça, ao lado do namorado. Talvez marido. Tatuado e com aparência presidiária. A bunda balança livre.

Uma senhora arrasta a sacola pela calçada. Cansada, parece pedir um vintém. O homem que se aproxima é generoso: cruzando o olhar com a velha na certa dará uma moeda. Um passo antes da idosa, entretanto, seus olhos se enchem de encanto ao cruzar com o olhar de uma moça, do outro lado da rua. A velha se deita com fome, e dorme.

Vejo a rodoviária ao longe. As luzes piscam. Cheiro de bar e urina no chão. Passo. Estou no caminho. O destino é a estrada. Indo embora me sinto em casa.

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