Quando o sol nasce, do outro lado do avião, no mar lá debaixo vejo algo a brilhar. Com a luz do sol, no mar, algo vermelho acena. Um navio, talvez, ou um pedaço de sol que se perdeu.
Lisboa é uma cidade de vielas decadentes e avenidas reformadas. Nas vielas vejo alguma porta aberta e um velhinho português a ler jornal.
Quando o caminho em que ando acaba, começa o rio Tejo. Deixo os chinelos depois de uns degraus e afundo meus pés nessa água. Um tipo de limo ancestral ameaça que eu escorregue. Daqui partiram navios que inventaram o Brasil. Agora eu inventario.
Ouço mais de cinquenta idiomas falados, em todos os lados tem um grupo a mais. É verão, Portugal é quente e os norte-europeus descem pra cá.
No aeroporto chegou, atrás de mim, um avião de africanos. Com roupas típicas coloridas e as línguas, um cheiro de incenso acompanhou o desembarque.
Um sufi passou por mim defronte ao Teatro Nacional. Turbante e barba longa, um sufi.
A maré sobe. Não sei os nomes dos lugares, mas a água ainda molha.
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