Arrumando a mala, indo embora. Dois anos depois, indo embora. Agora. Arrumando a mala com pouca coisa que vai, pouca coisa que fica, pouca coisa que veio. Veio um pião. Dois ano atrás.
Não sei, pensando nisso, por que eu trouxe. Um pião de madeira, um pião velho, fieira suja, puída. Marcado a tinta, triangulado, desenhado nos veios da pele como se fosse um índio. Padrões tribais, preto e vermelho, zé pilintra, exu, boa e velha pombagira.
No quarto de Lisboa o pião gira, gira, gira e cai, gira e cai, cai, cai. Fieira voa, poeira estoura no pedaço céu em que hoje é verão. Onde o sol batendo iluminando o balé dos pequenos pós, das pequenas coisas, ácaros tempo folhas, o verão chegando e eu indo embora.
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