sábado, 15 de junho de 2013

consideremos que a democracia no Brasil tenha 28 anos, recentíssima desde o fim da ditadura. Consideremos que em 1985 a gente teve, vá lá, uma primeira re-possibilidade de atuação democrática.

Agora considere que eu, particularmente, tenho 27 anos. Um a menos que a democracia, portanto. Considerem que vocês me olham - sejam mais novos ou mais velhos - e, no máximo, me acham interessante quando gostam de mim. Quando não gostam, quando não têm afinidade, vocês provavelmente olham e só pensam que "tem apenas 27 anos, que é que vai saber da vida?"

Então eu tenho que mudar, imagino. O tempo inteiro, constantemente, tenho que reconhecer que sou novo e inexperiente em muita coisa - em tudo, pra ser sincero - e que, justamente por isso, justamente por ser mais novo que a democracia, eu nunca posso dizer: deixem eu ser como estou! Sou bom e completo, assim.

Não sou. Acordo todo dia tendo que mudar algo, e durante o dia percebo que muito do que mudei desde que acordei já anda errado, outra vez. É um inferno, vocês sabem - ou pelo menos imaginam.

Eu não sou bom, completo, sensato, coerente nem funcional. Nem funcional, percebem bem? E eu tenho 27 anos, um a menos que a nossa democracia.

Se eu, sendo um só, já consigo ser tão errado e incompleto pela minha idade, imagina o sistema político que a gente insiste em achar "bom, justo, eles estão lá para nos representar legitimamente".

Se nem eu me represento sem ter que pensar sobre isso todo o tempo...

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