Meu país anda em guerra civil e eu ando aqui, olhando pra morte, esperando que tu volte, pensando não sei o quê. Meu país em guerra civil e eu preocupado com quantos graus faz na Bélgica, agora, enquanto lá fora polícia atropela pessoas só porque sim, só porque há roda que pode oprimir.
Explode uma bomba, balas voam, multidão dispersa e de repente um buraco abre no meio da rua, vazio, só som e fumaça, ninguém se aguentando. Todos corridos, fugindo, virando as esquinas enquanto dá tempo. Depois até voltam, reúnem, se abraçam, contam os ferimentos e se asseguram de que, afinal, ninguém se machucou demais.
Explodo eu em bomba, bolo planos, voo, disperso e de repente tenho um buraco no meio do peito, vazio, sem som nem fumaça, escuro e doendo. O tempo corrido, fugido e virado que nem uma página em livro. Depois até volto, sorrio, acalmo, tateio meus braços e vejo a ferida que, aberta, não dói sem parar. Afinal, ninguém se.
Mas há hoje o estado de guerra sim, viu? Pedaço de mim contra o outro, o lado que apanha sem nem saber a razão, sem saber bem sabido o bater, pulsação. Se tivesse que pensar para funcionar, pararia.
Meu país acordando em guerra civil e eu sem conseguir dormir, por ele e por ti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário