Naquele tempo, o
imperador estava cansado. O ano havia quase terminado, mas nem tanto,
e durante o tempo todo muitas coisas se findaram. O imperador estava
cansado. Vira impérios de oriente, atravessara mares com deuses
estranhos, altos de montanhas com chás desconhecidos, voltado a seu
sítio e depois novamente zarpado. Havia estado em muitos cantos do
mundo, e muita coisa havia mudado. O imperador estava cansado, com o
peso de um mundo nas costas e, nas mãos, grossas porções de
problemas alheios. O ano estava quase terminado, mas nem tanto, e o
imperador se perguntava que proveito um ano novo havia de.
Mas sempre havia.
Deitado, com os olhos já metade em outro mundo, ouviu um assobio
profundo que vem do sonho, que vem da chuva e que vem de longe.
Aquele ano todo havia
mudado muito, e o dia que terminava era apenas um ano outro, em menos
tempo, mudado tanto ao sabor do vento quanto mudavam as cobras
cigarras e folhas d'árvores.
O imperador sorriu ao
vento distante, que às vezes chove, e dormiu para um ano novo.
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