sábado, 11 de maio de 2013

Canção toada de vão Winkle



o mundo calou

viu-se (dizem)
no pé daquela árvore um tronco meio morto
pesado e duro
um tronco escuro em forma de homem

quando chegou lá (chegou aqui)
o primeiro viajante domador
de incertezas
dizem (vi)
que em meio à natureza exuberante já havia
este corpo adormecido
esse homem
a raiz de uma(essa) árvore
ali

passou o tempo, um ano e dois
passaram furacões e a construção
de uma cidade
passou verdade, ergueu-se ao céu
para arranhar
a desmesura do cartel de Gibraltar
e nem assim moveu raiz

(embora a árvore crescesse,
e desse flores.
embora a árvore
ficando
fizesse amores ir e vir,
vir e voltar)

Cidade amurada,
velas ao vento no deserto verde vivo,
cidade ao mar dos pensamentos
das caravanas
e dos camelos que perdiam direção
(eu vi)

Cidade joia da coroa do Deus Terra,
(dizem)esta.
Lembrança ao pé de uma raiz
caramanchão
de um homem que dormiu(dizem,vi)
há muito, muito
e hibernou
(durante toda nossa quádrupla estação)

Agora vá, venha, veja
olhemos nós dois aquela árvore
raiz acesa,tronco entalhado
(te'amo princesa, é o que diz
no centro certo do coração
feito a faca
antes da guerra)
Venha, venha, veja
que não há nem nunca houve
(nem haverá, dizem)
outra ramagem igual àquela
de flores brancas e calma noite
aos pés de onde dormiu um homem
antes mesmo da flor nascer.

Veja,
não há mais homem
e a cidade agora(dizem
vi)
só se decai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário