Demoro anos para entrar ali, para sequer passar em frente. Não sei, desatenção, falta de pés, caminhos outros, dias diversos. Demoro anos e quando entro, entro.
As paredes de pedras derrubadas, as colunas antigas chamuscadas pelo fogo, a nave principal rajada a sol sem um sequer colorido de vitral. A igreja maior, a grande recepção, o altar a Deus, tudo ali é meu na hora que entro, na hora que olho.
Um terremoto derrubou tudo, século atrás. Mais do que um, fazem já três. A coisa mesmo nunca se reergueu, mas o gramado que alinha as colunas cresceu como crescem as plantas, as dores e a vida. Verdes, bonitas, são duas passarelas em torno das pedras, de frente aos retalhos do tempo já lá vão seus anos.
À noite deve ser teto de estrelas, mas não estou lá. Agora, sentado na escada, olhando os pilares janelas adornos as gárgulas decalcadas pelo uso do tempo e chuva, olhando eu agora ao céu onde fica o teto só vejo azul.
O sol inunda o dia, a morte, os montes de pedras talhadas. O sol pia, o jazz da praça fora voa igreja adentro. A falta de teto é a bênção do tempo.
Através dos arcos, a lua crescente expia as ruínas.
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