terça-feira, 9 de abril de 2013

tem uma estátua
se fingindo de mim
um duplo, um outro cabra
dividindo espaço
da pele pra dentro
um pedaço de outro mundo, de outro tempo
de um futuro que esqueci

há ruína e corrosão
trepadeiras, limo, lixo
buraco em parede e muro
vazio no estômago, bucho
há uma cratera incendiada
negra e sem luz alguma
há um fosso profundo
de pedra e concreto escuro
no qual minha estátua se vê
como se visse num poço sujo
de água que o bucho bebe
que à pele, fraco, não curo

nesse poço fundo me banho

nas minhas entranhas me encontro
das minhas entranhas eu canto

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