Assim que entrei no táxi ela disse: "Leve-nos à casa do caralho". Claro que não disse pra mim, nem mesmo falou português, mas o motorista senhor velhinho cansado de sono entendeu. E lá fomos nós. Também não era literalmente à casa do caralho, mas logo ela falou eu percebi que era longe pra diabo. Da minha casa, fique claro.
Tudo bem, já que entrei no carro agora vamos. No meio do caminho perguntou: "Então, pra onde vais?". Não perguntou português, nem sei mesmo se perguntou, mas sei que eu respondi que ia por aí, não sei, continue seu motorista, no meio do caminho vejo onde é melhor, daí aviso e logo salto. Desço do carro.
Mas não desci. Quando dei por mim estava à porta da menina, que na verdade eram duas e não falavam português. Ou quase, porque entendiam. Quando entrei no táxi pensei "por que não?", quando desci do táxi pensei "puta merda, tô longe que só a porra".
Elas se despediram rápido e entraram no prédio. Sobramos eu e a rua deserta. Merda. Tivera eu ficado a pé e era mais perto. Mas caminhei, já que não tinha mesmo outro jeito.
No meio do caminho deixei dois euros cairem longe, em algum lugar, na mão de algum maluco sujo com um saco de pão e cara de fome. Sei lá. De repente era pra comprar pedra, mas quem sou eu pra julgar?
Dei duas voltas na praça e depois achei meu caminho. Já perto de casa, no prédio vizinho, um pouco pra cima, a lua amarela crescente sorria pra mim. Valeu a pena andar.
Isso, quem és tu pra julgar? As minas, o itinerário, o idioma, os dois euros, a pedra... Não julgueis e terás a lua por alto testemunho.
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