quinta-feira, 15 de setembro de 2011

trinta e umésima


Há formigas fantasmas andando no meu corpo. Meu quarto tem formigas de verdade. Cozinha, se o lixo é esquecido sob a pia, não só formigas como formigões. A casa toda se coça por onde elas passam.

Depois de meditar por mais de uma hora, às vezes um pouco menos, a perna formiga. Levanta-se devagar circulando o corpo, com a mão se puxam os pés, que formiga, metade da perna dói e a outra não sente nada. Nada. Metade da perna dói e a outra só volta a existir aos poucos.

Sinto-me porco quando a mosca voa em mim. Parece que não tomo banho ou tenho qualquer coisa, talvez um pacto com o capeta, Senhor das Moscas e da Imundície das Profundezas. Mas tomo de três a mais banhos por dia, ça chuva ou faça sol. Especialmente quando faz sol.

Hoje, desde criança procuro nos cantos da casa algum doce ou ovo de páscoa ou qualquer dessas coisas que atraiam formigas. Não vejo uma bala sequer, nem pra elas nem para mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário