segunda-feira, 5 de setembro de 2011

vigésima oitava


A senhora na fila reclama da fila. "Como podem demorar tanto para entregar um papel, como podem?". Na vez dela, demora. A senhora é à minha frente, então espero. "Não pode esta foto com óculos escuros", diz a atendente. "Ah, pode! Ah, pode!" e saca a senhora de dentro da bolsa a carteira de identidade, motorista ou sei-lá-quê. Uns anos mais jovem, papel amarelado, óculos escuros. "Viu? Trate de aceitar". A moça aceita.

E diz a menina médica jovem ao velho, no meio da rua, "O senhor já fez exames de audição? Pois estamos aqui nesta clínica fazendo de graça, pois sim? Então, já fez os exames?". E o velho, "Hein?". "Exames de audição", ela diz, "estou lhe oferecendo". "Ah não, não, eu ouço muito bem".

Existe uma rampa na muralha do castelo. Ela sobe um pouco até o alto do arco de entrada e vira à direita. À esquerda também prossegue, mas olhando da bifurcação logo se vê que à esquerda o caminho acaba logo. Quinze passos e uma cerca. Ou menos. Toda gente segue ao arco, sobe no muro e tira as fotos do Tejo lá embaixo, escuro ou claro depende do sol. Virei à esquerda. Quinze passos, ou menos, parei na grade e vi, pra além dela, dois pavões. Enormes. Ciscando, andando, ao sol, claros, quietos, azuis e verdes e tudo mais, a se coçar com o bico e a comer as ervas do recinto.

Recinto rimava, aqui.

À direita, as pessoas tiram fotos. Ninguém vê os pavões.

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