quarta-feira, 21 de setembro de 2011

strip


Estava escuro quando começaram a se despir. Ele não via um palmo à frente do nariz mas sentia na ponta dos dedos o corpo dela inteiro. Ela estava de olhos fechados e braços cruzados por sobre os seios, envergonhada. Ainda não estava pelada. Nem ele.

Ouviu um clique e sentiu que em suas mãos havia duas pontas de tecido. Sutiã, pensou ele, mas ela não disse nada. No escuro completo nada se via, então ele se conformou com a ideia do sutiã aberto e pronto, passou para a próxima etapa. Carinhou a barriga dela e desceu com as mãos aos quadris, beijou a cintura e com os dedos velozes tirou o botão de sua casa. A casa em que estavam não era dele nem dela.

Mal sabiam onde estavam. Talvez na China antiga, talvez em Mercúrio, mas estava imenso escuro pra que pudessem saber.

Não importa, ela pensou, ainda segurando os seios com os braços cruzados. Ele beijava suas coxas e aos poucos puxava a calça pra fora da cama, pra longe do quarto, jogava as roupas no quadro que havia pendurado na parede de trás do lugar.

Ela sorriu. Do sorriso veio um riso abafado, que ele ouviu. Olhou para ela esquecendo das calças por um instante e então viu, radiantes, os olhos dela a brilhar.

O quarto já não estava escuro, não totalmente. Deitada, com os olhos abertos olhando pro teto e alumiando metade do quarto ela sorria, as mãos cruzadas por sobre os seios. Ele viu que no peito trazia um sutiã preto, ainda vestido. Olhou para o quadro que balançava, notou que as roupas estavam no chão perto dele e correu até lá. Ela continuava na cama, sorrindo, rindo, com os olhos brilhando de luz olhando pro céu.

Mexeu rápido nas roupas ao chão, cueca, camisa, a blusa vermelha que ela trazia com IcoraçãoNY escrito, as meias dos dois, três meias, pensou que uma delas se havia perdido e seria bom que encontrassem antes de ir, pulseira, colar, sapatos, a calça dele, a dela não que ainda estava vestida até os joelhos, e pronto. Achou novamente o tecido que tinha estado em suas mãos, tecido de pontas do clique que ouvira, o tal sutiã.

Não era. De um jeito engraçado aquilo era venda, um pano que, pelo visto, tapava a visão da menina. Ela olhou para ele, que agora era nu e iluminado, e ainda sorria. Ele também. Vá saber, pensou, de repente era isso que ela queria. Que eu precisava. Que ela também. Tirar essa venda dos olhos pra poder enxergar bem...

Voltou para a cama, ela fechou os olhos e o quarto de novo estava no escuro.

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